Um lugar que mistura história e cultura, cercado por rios e cachoeiras, além uma culinária riquíssima. Assim é Cachoeira Porteira, uma comunidade encravada na floresta amazônica, dentro do município de Oriximiná, a mais de 800 da quilômetros da capital do Pará, Belém.
No local, onde se originou os quilombos da região, vivem 145 famílias, descendentes de negros que fugiram da escravidão e hoje são donos de uma área de 225 mil hectares, no maior território quilombola titulado do Brasil.
Mas garantir esse direito não foi fácil e, depois de duas décadas de luta, o governo do Pará finalmente entregou o título definitivo de posse da terra aos seus moradores, no dia 3 de março de 2018.
“Quando o governo garantiu na legislação em 1988 que nós tínhamos direito ao território, então nós lutamos para garantir o território, a natureza, essa floresta, porque ela é a nossa casa. E faz sentido proteger o que chamamos de nossa casa”, explica Ivanildo Carmo de Souza, presidente da Associação de Moradores da Comunidade de Remanescentes de Quilombo de Cachoeira Porteira (AMOCREQ-CPT). Segundo Ivanildo, a associação nasceu em 2002 com o objetivo de reivindicar direitos e combater ameaças de madeireiros e sojeiros de olho nos recursos da região.
Mal o título coletivo saiu, logo começaram a bater na porta de seu Ivanildo propostas de exploração madeireira do território, todas recusadas. Segundo ele, como guardiões daquela terra, os quilombolas devem fazer valer o artigo 68 da Constituição que prevê acima de tudo a preservação do território. “Nós não pedimos a terra para vender madeira e sim para valorizar nossa história”. História que começou há mais de 200 anos por conta de uma cachoeira.